Análise sobre trabalhadores da mineração, atingidos e contexto político - 1 Ano de Lama e Luta

De WikiRioDoce
Ir para: navegação, pesquisa

Na quinta-feira 3 de novembro de 2016, no segundo dia do Encontro dos Atingidos “1 Ano de Lama e Luta”, ocorreu uma mesa de diálogo cujo tema foi a “Análise das Entidades dos trabalhadores da Mineração, das categorias da Plataforma Operária e Camponesa para Energia e do MAB sobre o crime”. Participaram da atividade sindicatos e instituições ligadas à mineração e energia, institutos de direitos humanos e também representantes do próprio Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).[1]

Relato

Na mesa se discutiu a questão do crime e como o Estado trabalha para as corporações e não para o bem estar social. Temas como Petrobras, o golpe e as consequências do rompimento de barragens na vida das mulheres foram abordados pelos participantes da mesa. Letícia Oliveira, integrante da coordenação nacional do MAB, pontua que “a crise é uma das principais causas do rompimento de Fundão”, referindo-se à negligência da empresa Samarco com a barragem, e como a crise política e econômica pela qual o país passa é um dos principais fatores pelo qual a barragem se rompeu.

O preço do barril de minério de ferro caiu quase 50% em menos de dois anos – entre 2013 e 2015 – levando as empresas mineradoras a aumentarem em mais de 100 por cento a produção, utilizando mais água e ultrapassando os limites da barragem, o que ocasionou o maior crime ambiental do país.

Mariana Brito, do Instituto Ibase, explicou como as mulheres são atingidas de forma diferente pelo crime da Samarco. “A mineração dificulta muito a vida das mulheres, vem se apresentar como mais um problema para as mulheres”, afirma. Ainda de acordo com Mariana, as mulheres foram afetadas por um crescimento na violência doméstica, devido ao aumento do alcoolismo nas regiões afetadas pelo crime.

Outro fator que afeta a vida das mulheres é a questão da violência sexual, que aumenta após crimes como este praticado pela Samarco, Vale e BHP. Após o crime, as empresas costumam enviar mão de obra, normalmente composta somente por homens, para realizar a limpeza e conserto dos danos causados nas regiões afetadas. Com isso, casos de estupros crescem consideravelmente.

Também participou na mesa Judith Marshall, canadense que trabalha com a questão da mineração em seu país. A estrangeira pontuou que “o capital está tentando se expandir sem considerar a classe trabalhadora. Os governos tem um relacionamento íntimo com as empresas”.

Representantes da CUT e de sindicatos falaram sobre o golpe e sua influência no criminoso desastre ocorrido na Bacia do Rio Doce, e também na cultura brasileira de culpabilização das vítimas. “No nosso dia a dia existe uma cultura da culpabilização do acidentado no Brasil. A mídia vai fazer de tudo para esconder a verdade. Não sei o que é pior, a ausência do Estado ou quando ele é ativista das empresas”, afirma Anselmo Braga, do Sindipetro.[1]

Ver também

Referências

  1. 1,0 1,1 MAB - Mídia Ninja: O golpe e o crime